A discriminação no trabalho é uma prática que, além de ferir os direitos humanos, compromete a saúde dos colaboradores, a produtividade das equipes e a reputação das empresas.
Pensando nisso, nós, da Allya, vamos abordar os principais tipos de discriminação no trabalho, seus impactos nas pessoas e nas organizações, como a legislação brasileira que protege os trabalhadores, entre outras informações que todo RH precisa saber. Confira!
O que é discriminação no trabalho?
A discriminação no trabalho é um ato de preconceito praticado por um profissional contra outro, com o objetivo de inferiorizá-lo ou ridicularizá-lo no ambiente laboral. Trata-se do não reconhecimento da igualdade em dignidade e direitos entre as pessoas, desrespeitando o princípio da igualdade que decorre da natureza humana.
Essa prática pode ocorrer por motivos diversos, como gênero, raça, cor, idade, deficiência, orientação sexual, religião, estado civil, entre outros, e é proibida por lei no Brasil (Lei 9.029/1995).
A discriminação pode se manifestar de forma direta, quando uma pessoa é tratada de forma menos favorável por alguma dessas características, ou indireta, quando uma regra aparentemente neutra acaba colocando um grupo em desvantagem injustificada.
Quais os tipos de discriminação no trabalho?
A discriminação no ambiente profissional pode assumir diversas formas, afetando o bem-estar, a produtividade e o crescimento de colaboradores. Conheça os tipos mais comuns:
Discriminação racial
Ocorre quando profissionais são tratados de forma desigual por causa da cor da pele, raça ou etnia. Pode incluir exclusão de processos seletivos, barreiras para promoções e designação de funções inferiores.
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Discriminação de gênero
Refere-se ao tratamento desigual entre homens e mulheres. Mulheres costumam enfrentar salários mais baixos, exclusão de cargos de liderança e menor reconhecimento profissional.
Discriminação por orientação sexual e identidade de gênero (LGBTQIA+)
Manifesta-se por comentários ofensivos, isolamento e limitação de oportunidades para pessoas LGBTQIA+, impactando diretamente seu desempenho e permanência na empresa.
Discriminação religiosa
Envolve a marginalização de profissionais por suas crenças, principalmente em relação a religiões de matriz africana. Pode incluir impedimentos para contratação ou evolução na carreira.
Discriminação por idade
Afeta tanto jovens quanto pessoas mais velhas, restringindo o acesso a vagas, promoções ou condições iguais de trabalho, com base apenas na faixa etária.
Discriminação contra pessoas com deficiência
Caracteriza-se pela falta de acessibilidade, oportunidades limitadas e preconceito que dificulta a contratação e o desenvolvimento profissional de pessoas com deficiência.
Discriminação por aparência física
Inclui julgamentos com base no peso, altura ou outras características visuais, gerando exclusão, comentários inapropriados e impactos na autoestima dos profissionais.
Discriminação por nacionalidade ou origem regional
Manifesta-se por preconceito contra pessoas de certas regiões ou países, frequentemente associado a estereótipos, sotaques ou hábitos culturais.
Como identificar discriminação no trabalho?
Para identificar discriminação no trabalho, é importante observar sinais e comportamentos que indicam tratamento desigual ou preconceituoso. Alguns dos principais indicativos são:
- Comentários ofensivos: uso de piadas, expressões ou linguagem pejorativa sobre raça, gênero, religião, orientação sexual, idade ou deficiência.
- Tratamento hostil: cobranças excessivas, isolamento ou repreensões sem justificativa clara.
- Diferenças salariais: remuneração inferior sem motivo objetivo, especialmente por fatores como gênero ou raça.
- Barreiras ao crescimento: falta de promoções ou oportunidades sem relação com o desempenho.
- Ambiente não acessível: ausência de adaptações adequadas para pessoas com deficiência.
- Demissão ou recusa de contratação: desligamentos ou não admissões motivados por características pessoais protegidas por lei.
- Comparações injustas: punições ou exigências mais rigorosas em relação a outros colegas em situações semelhantes.
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Quais os impactos que discriminação no ambiente de trabalho gera?
A discriminação no trabalho causa prejuízos graves para os profissionais e para as empresas. Veja os principais impactos na saúde dos colaboradores e no sucesso das organizações:
- Saúde comprometida: aumento de estresse, ansiedade, depressão, Síndrome de Burnout e problemas físicos.
- Queda na produtividade: ambientes tóxicos reduzem motivação e desempenho dos colaboradores.
- Mais faltas e rotatividade: vítimas de discriminação tendem a faltar mais e buscar novos empregos.
- Danos à autoestima: o preconceito afeta a confiança e o desenvolvimento profissional.
- Clima organizacional ruim: a discriminação prejudica a colaboração e gera um ambiente hostil.
- Consequências legais e reputacionais: empresas podem sofrer ações judiciais, multas e perda de credibilidade.
O que diz a lei sobre discriminação no ambiente de trabalho?
A legislação brasileira proíbe expressamente qualquer forma de discriminação no ambiente profissional. Diversas normas asseguram a igualdade de oportunidades, proteção contra abusos e penalidades para práticas discriminatórias. Confira os principais pontos:
Lei nº 9.029/1995
Como citamos, lei nº 9.029/1995 proíbe práticas discriminatórias na admissão, manutenção ou demissão por motivos como:
- sexo;
- raça ou cor;
- orientação sexual;
- origem;
- estado civil;
- situação familiar;
- deficiência;
- idade;
- reabilitação profissional.
A lei também criminaliza condutas específicas, como exigir atestado de gravidez ou de esterilização, com pena de detenção de 1 a 2 anos e multa.
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
A CLT prevê medidas importantes para combater a discriminação nas empresas. Em especial, o artigo 5º, da lei nº 5.452, que garante a igualdade de remuneração entre trabalhadores que exercem a mesma função ou atividades de igual valor, independentemente de sexo, nacionalidade ou idade.

Constituição Federal
No Art. 7º, incisos XXX e XXXI, Constituição Federal proíbe a diferença salarial por motivo de sexo, idade, cor, estado civil ou deficiência. Além de outros critérios discriminatórios de admissão no trabalho.
Direitos em caso de demissão discriminatória
Se o trabalhador for demitido por discriminação, pode escolher entre:
- Ser reintegrado com pagamento dos salários retroativos;
- Receber indenização em dobro pelo período de afastamento;
- Também há o direito à reparação por danos morais.
Sanções administrativas para a empresa
Empresas que praticam ou toleram atos de discriminação no ambiente de trabalho estão sujeitas a sanções administrativas previstas em leis como a Lei nº 9.029/1995. Entre as penalidades aplicáveis, destacam-se:
- Multas: a empresa pode ser autuada e obrigada a pagar valores expressivos, de acordo com a gravidade e a reincidência da infração.
- Restrições de crédito: o empregador infrator pode ficar impedido de obter financiamentos ou empréstimos junto a instituições financeiras públicas.
- Suspensão de incentivos fiscais: a organização pode perder o acesso a benefícios fiscais, subsídios ou incentivos concedidos por órgãos governamentais.
O que fazer em casos de discriminação no trabalho?
Toda pessoa vítima de discriminação no ambiente profissional precisa tomar medidas para proteger seus direitos e buscar reparação. Veja os passos recomendados:
- Reunir provas: documentar todos os episódios, como datas, locais, envolvidos, testemunhas e evidências como mensagens, áudios ou vídeos.
- Denunciar na empresa: se possível, dialogar com o agressor na presença de uma testemunha. Depois, comunicar o RH ou a Ouvidoria da empresa.
- Buscar apoio jurídico e sindical: procurar orientação com seu sindicato e consultar um advogado trabalhista para avaliar uma possível ação judicial.
- Denunciar formalmente: usar o Canal de Denúncias do Ministério do Trabalho para relatar casos de discriminação, assédio ou desigualdade salarial. Em casos de racismo, registrar boletim de ocorrência e informar a Justiça do Trabalho ou o Ministério Público do Trabalho. Ligar para o Disque 100 (gratuito e sigiloso) para denunciar violações de direitos humanos.
- Cuidar da saúde emocional: buscar apoio psicológico por meio de terapia e conversar com pessoas de confiança para lidar com os impactos emocionais da situação.
Como o RH pode combater a discriminação no trabalho?
O setor de Recursos Humanos pode promover um ambiente de trabalho inclusivo, seguro e respeitoso para todos. Conheça as principais ações que o RH pode implementar para prevenir e combater a discriminação no local de trabalho. A seguir:
1. Políticas claras de diversidade e inclusão
O combate à discriminação no ambiente de trabalho começa com o comprometimento institucional, formalizado por meio de políticas claras de diversidade e inclusão. O setor de Recursos Humanos deve liderar a criação dessas normas, que precisam definir de forma objetiva o que constitui uma prática discriminatória, quais são suas consequências e como a empresa lida com esses casos.
Além disso, o código de conduta deve ser atualizado para refletir esses valores e reforçar a cultura de tolerância zero a qualquer forma de preconceito.
2. Educação e sensibilização contínua
A transformação da cultura organizacional exige investimento contínuo em educação. O RH pode promover treinamentos, palestras e workshops sobre temas como racismo, preconceito, equidade, identidade de gênero e inclusão.
Essas ações ajudam os colaboradores a reconhecer e desconstruir atitudes discriminatórias, muitas vezes motivadas por vieses inconscientes. É importante que essas iniciativas envolvam todos os níveis da organização, da liderança aos demais funcionários.
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3. Espaços seguros e grupos de escuta
Criar espaços seguros para o diálogo é essencial para que os colaboradores se sintam acolhidos e ouvidos. Grupos de discussão e comitês internos dedicados à diversidade permitem que os funcionários compartilhem experiências e proponham soluções.
Além de promover o senso de pertencimento, essas iniciativas fortalecem a empatia e a cooperação entre as equipes.
4. Inclusão nas práticas de contratação e promoção
Para combater desigualdades históricas, o RH pode implementar políticas afirmativas que incentivem a contratação e a promoção de pessoas negras, mulheres, pessoas com deficiência, LGBTQIA+ e outros grupos sub-representados.
Estabelecer metas de diversidade e rever processos seletivos para garantir critérios justos e baseados em competências são estratégias fundamentais para tornar o ambiente corporativo mais plural e representativo.
5. Canais confidenciais para denúncias
É imprescindível oferecer canais seguros e confidenciais para os colaboradores poderem denunciar práticas discriminatórias sem receio de retaliações. Esses mecanismos devem ser acessíveis, transparentes e contar com acompanhamento rigoroso, garantindo que as denúncias sejam investigadas e os responsáveis responsabilizados.
A existência de um canal de denúncias efetivo demonstra o compromisso real da empresa com a equidade.
6. Apoio às vítimas de discriminação
Além de apurar os casos, a empresa deve garantir suporte às vítimas. Isso inclui acesso a atendimento psicológico, acolhimento por parte da equipe de RH e, quando necessário, orientação jurídica. A mediação de conflitos também pode ser útil para restaurar o clima organizacional e oferecer soluções reparadoras.
7. Imparcialidade e equidade nos processos internos
Todos os processos internos, como avaliações de desempenho, promoções e feedbacks, devem ser conduzidos com imparcialidade. A adoção de critérios objetivos, padronizados e transparentes ajuda a evitar que preconceitos influenciem decisões importantes na trajetória profissional dos colaboradores.
8. Monitoramento e ajustes constantes
Por fim, o RH deve acompanhar periodicamente os resultados das ações de inclusão. A coleta e análise de dados sobre diversidade interna permite identificar avanços, lacunas e a necessidade de ajustes nas estratégias. Esse monitoramento contínuo fortalece o compromisso da empresa com um ambiente de trabalho mais justo, seguro e inclusivo.
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Discriminação no trabalho: papel estratégico do RH para o futuro
Acabar com a discriminação no trabalho, garantir canais seguros de denúncia e agir com firmeza diante de práticas discriminatórias são atitudes que fortalecem a cultura organizacional, valorizam as pessoas e contribuem para um ambiente mais saudável, produtivo e justo para todos.
Para profissionais de RH, combater a discriminação no ambiente de trabalho não é somente uma obrigação legal, mas também um compromisso ético e estratégico. Nós da Allya esperamos ter incentivado a promoção da igualdade na sua empresa.
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